Há menos de trinta anos o consumo de produtos congelados era limitado ao que cabia nos pequenos freezers das geladeiras domésticas e o consumidor brasileiro convivia com produtos de pouca durabilidade.
Nos distribuidores de produtos frigorificados a situação não era diferente. As câmaras de congelados, na sua enorme maioria, não baixavam de -13°C e as de resfriados paravam em +2°C, que, em tese, permitiam a conservação dos produtos na estocagem, porém não garantiam sua conservação durante o transporte entre a produção, armazenamento de distribuição e ponto de comércio. Nesses, a situação era preocupante, pois eram mínimos os equipamentos de conservação e a quase totalidade era de câmaras de manutenção de mercadoria resfriada de qualidade duvidosa. A situação era crítica, porém a não exigência de prazo de validade, impedia que os consumidores percebessem o risco que corriam.
Ao final do século ado, o quadro geral do Brasil era, com raras exceções, frigoríficos com instalações precárias e antigas, carentes de higiene e sanidade; distribuidoras de alimentos em instalações obsoletas ou sem quaisquer condições técnicas de atuar no segmento; e os pontos de comércio quase totalmente desprovidos de instalações ou equipamentos de conservação adequados ou suficientes.
Com o surgimento de grandes empreendimentos frigorificados, na produção e processamento de alimentos, principalmente proteína animal, nos meados do anos 1980, atraídos pelas exportações e pelo financiamento barato e caloteável do governo, também foram atraídos para o país os grandes fornecedores de insumos de construção e operação de unidades de armazenamento frigorificado e climatização industrial. Esse crescimento do parque industrial exigiu que se buscasse novos mercados internos, incentivando novos empreendimentos e grandes reformas nos existentes na área de armazenagem e distribuição.
Foi uma verdadeira revolução nesse mercado a partir do início dos anos 90, com a mudança radical do consumo dos alimentos refrigerados, que, a cada dia, aderem ao congelamento, como forma de ampliar a durabilidade dos produtos e facilitar sua logística e distribuição. As novas tendências mudaram totalmente a forma de se construir essas unidades, sejam instalações industriais, sejam de armazenagem e distribuição ou sejam de atacarejo ou varejo.
Hoje, a eficiência das novas instalações, o enorme ganho na geração de frio com custos reduzidos, as novas técnicas de verticalização da armazenagem, a disponibilidade de equipamentos eficientes de movimentação horizontal e vertical de mercadorias e as novas normas de inspeção sanitária levaram aos produtos frigorificados a novos patamares, que ombreiam com as melhores instalações e tecnologias adotadas em todo o primeiro mundo.
Ainda há muito o que fazer, principalmente na área de transporte de produtos refrigerados. Hoje ainda vemos carretas com baús frigorificados desligando o equipamento à noite, durante a viagem, colocando em risco a sanidade do produto; vemos a distribuição local em caminhões pequenos com baús de ótima qualidade, porém transportando as mercadorias congeladas, resfriadas e de carga seca em um único ambiente, numa temperatura média inconveniente para o mais frio e o mais quente produto, sem qualquer atuação restritiva dos órgão de fiscalização sanitária.
Na área de varejo ainda vemos os hipermercados, supermercados e mercados com instalações recomendáveis, porém, por economia criminosa, desligados fora do expediente de atendimento ao público. É comum se verificar nas primeiras horas da manhã, logo ao abrirem, que as mercadorias nas partes superiores das gôndolas estão carentes de refrigeração.
Finalmente, na área de inspeção sanitária, o que vemos é um desmonte do Serviço de Inspeção Federal – SIF, direcionado hoje exclusivamente à fiscalização dos empreendimentos exportadores, enquanto a fiscalização do mercado interno foi delegada aos órgãos estaduais e municipais sem que tenhamos legislação, modelos, manuais, pessoal e instalações adequadas e suficientes para executar o serviço e é nos serviços estaduais municipais que encontramos as maiores permissividades, omissões e também corrupção deslavada.
Da Assessoria
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