A prisão do ex-presidente Fernando Collor – condenado a 8 anos por corrupção e lavagem de dinheiro ocorridas há 30 anos, que acaba de receber o benefício de prisão domiciliar monitorada por tornozeleira – e a denúncia pela condenação, a 29 anos, do ex-diretor da Petrobrás, Renato Duque, mais do que o significado para seus punidos, traz ao povo brasileiro a esperança de que a Operação Lava Jato não morreu, como apregoaram envolvidos e especificamente em ver varridas suas apurações para baixo do tapete. Se Collor e Duque são condenados, e no Peru já ocorreram prisões, suicídio e morte de ex-governantes, o quadro nos leva à suposição de que ainda temos muita coisa a apurar. No Brasil, ainda há muito o que resolver. As questões levantadas não podem simplesmente desaparecer.
Por mais poder e interesses políticos, econômicos e sociais que estão por trás das investigações e suas operações. Nada pode desaparecer como um simples e de mágica. A partir do momento que um suposto crime ou incorreção é denunciado e processado, a obrigação é chegar até o fim da apuração e, ao final, oferecer à sociedade uma sentença honesta e convincente, que não deixe dúvidas de que a lei foi cumprida, independentemente de ter condenado ou absolvido os réus. Nada deve permanecer engavetado; ao terminar, cada processo ou caso tem de apresentar à Nação a sua história e o quadro de disposições tomadas à sombra do apurado; penas aos insultos e proteção aos possíveis autores de denúncia caluniosa. É preciso esgotar o assunto definitivamente.
Aberta em 2014 – a partir de investigações num lava-car de Brasília, (daí o seu nome), a Lava Jato realizou 80 fases, onde aplicou mais de 1000 mandados de busca, apreensão e prisão. Mais de 100 envolvidos foram presos e parte deles condenados. Foram identificados 8 trilhões de reais em fraudes no país e no exterior.
Investigou-se corrupção ativa e iva, gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, organização criminosa, interferência da justiça, operação de câmbio fraudulenta e obtenção de vantagens indevidas. Os investigados são ex-presidentes da República, ex-governadores de Estado, ex-parlamentares, empresários e executivos.
Com tanta gente poderosa e bem relacionada envolvida, a operação sofre todas as reviravoltas possíveis. Mas o povo, indignado, ainda aguarda para solução dos crimes apontados e espera que quem de direito cumpra suas obrigações e nada fique envolto no anonimato ou escuridão. Os novos ventos que sopram na área incentivam à crença de que a Lava Jato pode tardar, mas jamais falhará. Oxalá todos que a ela devem sejam devidamente convocados a prestar contas. Imperativo de decência, cidadania e patriotismo…
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) [email protected]
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